O Segredo do Benjamim


Benjamim 12

12

Quando Jesus se calou, reparei que os soldados estavam já a preparar o outro condenado, o jovem de rosto doce e olhar assustado. Doía-me por dentro ouvi-lo gritar…

Entretanto, vi que junto ao poste que iria ser de Jesus estava uma placa de madeira com o motivo da condenação. Dizia: “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus”. De um salto levantei-me, peguei nela, numa pedra afiada, e vim de novo para junto de Jesus. Aquela tábua ficaria pregada sobre a cabeça de Jesus para que fosse vista por quem passasse.

- “Jesus”, disse eu, “eis o que toda a gente vai ler de ti. Mas este é apenas o lado visível da cruz. Diz-me o que queres que escreva na parte de trás da tábua… Esse será o nosso segredo… Será o lado escondido da tua cruz, que só conhecerão aqueles a quem nós o revelarmos…”

Jesus olhou-me, sorriu-me, e disse baixinho:
- “O AMOR VENCEU! Escreve isso: O Amor venceu…”

Rapidamente eu risquei na tábua o nosso segredo com a ponta afiada da pedra e depois li:
- “O Amor venceu…”

Voltei a pousar a tábua onde estava e vi que o segundo condenado já estava a ser levantado por cordas para ser fixado no poste vertical. Tínhamos pouco tempo.
- “Jesus, explica-me melhor o nosso segredo…”

- “Benjamim, sei que Deus é Amor, e o Amor é Fiel. Por isso, confio! Entrego-me sem seguranças, sem garantias, sem dar nenhuma espreitadela ao outro lado da morte… Sei que Deus é Fiel e isso tem que me bastar. Sei que a Palavra definitiva da minha vida repousa ainda nos Seus lábios. Sei que no frente a frente com a morte só o Amor é capaz de ombrear sem lutar para perder. Tenho a certeza absoluta de que o Amor é uma causa válida para viver e, por isso, é também uma causa válida para morrer. Sei que o Amor vence sempre, porque é mais forte que a mentira, o pecado e a injustiça. Sei que o Amor vence até a morte, porque Deus é Amor!

Este é o nosso segredo, Benjamim. Este é o segredo que eu te envio a revelar aos corações disponíveis: a minha cruz tem uma face escondida… Por trás da tábua que toda a gente vê está o segredo que só alguns conhecem: o Amor venceu!”

Mal Jesus disse isto, vi os soldados começarem a dirigir-se para nós. Os outros dois condenados estavam já crucificados. Era a vez de Jesus. Abracei-me a ele com toda a minha força, colei-me ao seu peito na certeza de que nem uma legião seria capaz de me desprender dele. E ia-lhe dizendo:
- “Jesus, amo-te. Amo-te tanto, Jesus… Por favor, não morras… Amo-te, Jesus; não morras…”

Até que mãos brutas me levantaram acima do chão e me atiraram uns metros abaixo de onde estava. Fizeram como que um círculo em torno de Jesus, e um deles ficou de olho em mim para não me voltar a aproximar.

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