O Segredo do Benjamim


Benjamim 7

7

Do outro lado do palácio abria-se uma porta para o caminho que conduzia os condenados até ao lugar da crucifixão: o Gólgota. Todo o povo se começou a dirigir para lá, à espera…

Eu corri também a dar a volta ao palácio e, no caminho, vi o meu tio a entrar apressado para um beco. Segui-o, e quando o alcancei estava ele sentado no chão de uma viela apertada sem saída, abraçado aos joelhos e a chorar compulsivamente.

- “Tio, vão matá-lo! Já estão todos a dirigir-se para a porta dos condenados. Estão quase a matá-lo… Onde está o discípulo de Jesus que lhe prometeu fidelidade até à morte?”

E o meu tio quase nem reagiu. Não retirou a cabeça de entre os joelhos e disse-me com voz de criança:
- “Benjamim, tenho medo. Tenho muito medo. Não sei o que é maior, se a desilusão, a tristeza ou o medo. Tenho muito medo, e tenho vergonha. Não sei qual é o segredo da força verdadeira, não sei qual é o segredo da fidelidade incondicional e do seguimento corajoso. Só sei que não o tenho comigo… Benjamim, perdoa-me. Perdoa-me desiludir-te também a ti, mas tenho medo. E vergonha… Queria morrer com ele para não ter que me lembrar deste momento a vida toda, mas nem para isso tenho coragem. Não percebo nada… Não consigo ver mais nada… Eu neguei-o. Eu amo-o, e neguei-o. Não o entendo, não me entendo, não entendo esta morte…”

Eu não sabia o que fazer. Mas não conseguia ficar ali! Dei um beijo na cabeça do meu tio e corri novamente em direcção à porta por onde Jesus sairia…



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