O Segredo do Benjamim


Benjamim 1

1
Ainda me lembro daquela manhã…

Acordei sobressaltado com o movimento que, de repente, se gerou lá em casa. Alguém veio bater à porta trazer a notícia, sem sequer entrar, mas mal se foi embora ficou a casa em rebuliço. Levantei-me, esfreguei os olhos ainda meio ensonados e fui ter com os meus pais. O meu pai já tinha saído, e a minha mãe procurava o véu para pôr à cabeça enquanto avisava a minha irmã para estar atenta quando eu acordasse. Perguntei-lhes o que tinha acontecido, e a minha irmã respondeu-me: “Parece que esta noite prenderam o profeta de Nazaré!”

Eu gelei por dentro. Quando se tem onze anos não é fácil dizerem-nos que os nossos heróis afinal não são todo-poderosos… Eu lembrava-me muito bem dele, quando passava dias lá na minha cidade, em Cafarnaum, anunciando a Boa Nova libertadora de um Deus que é Amor. Algumas vezes estive até com ele, embora o meu tio me repreendesse e mandasse embora dizendo que o Mestre não queria lá crianças.

Mas Jesus sempre o confundia:
- “Pedro, deixa vir o rapaz para aqui! Bem aventurados os que semearem no coração a semente de verdade e confiança que floresce nas crianças, porque esses descobrirão os segredos que tenho para lhes contar…”

E o meu tio Pedro quase sempre ficava com aquela cara de quem não entendia nada do que tinha ouvido. Era também por causa dele que a minha mãe estava preocupada. Afinal, era irmã dele, e se o Mestre tinha sido preso durante a noite, a sorte dos seus discípulos não teria sido muito diferente. E talvez tivesse havido luta… Talvez até tivesse sido morto para defender Jesus… A minha mãe bem sabia o irmão que tinha.

- “Mãe, também quero ir! Quero saber o que aconteceu a Jesus, quero vê-lo!”, disse eu, já esquecido do sono que trazia a pesar nas pálpebras.
Mas a minha mãe não deixou:
- “Uma vez que já acordaste, a tua irmã pode vir comigo, mas tu ficas aqui sossegado. Eu logo te conto… Tu ficas aqui que Jerusalém na altura da Páscoa não é lugar para meninos de onze anos.”
- “Mas, mãe…”
- “Não se fala mais nisso! É perigoso…”

E saíram as duas.

Tínhamos chegado a Jerusalém poucos dias antes, para celebrarmos a Páscoa, como todos os anos. Estávamos numa parte da casa de uns familiares do meu pai, que era de Jerusalém, e eu agora tinha que aguentar até que alguém chegasse e me contasse como estava Jesus, o que lhe tinham feito, e, sobretudo, o que lhe iriam fazer…

Eu bem sabia como os poderosos do meu povo o detestavam. Tantas vezes vi os fariseus e os doutores da Lei no meio das multidões, como camaleões escondidos, escutando Jesus para depois o irem acusar aos sacerdotes do Templo. Bem sabia que à mínima oportunidade eles lhe deitariam as mãos para o calar. Jesus fazia-os tremer porque era livre; e os poderosos não gostam de homens livres, porque a liberdade é mais forte que o poder.

E eu roía-me por dentro na ansiedade de saber o que tinha acontecido nessa noite… “Parece que esta noite prenderam o profeta de Nazaré!...”

E agora?! Onde está?! Como está?! Porquê?!

E os romanos… eu tinha muito medo dos romanos… Eles podiam fazer muito mal a Jesus, até matá-lo se isso lhes conviesse!

Mas eu tinha que esperar que alguém chegasse para me contar…

Tinha?...

1 Comentários a “Benjamim 1”

  1. # Anonymous Maria rafaela

    Bom dia Benjamin... Gostei de te conhecer... e muito... mas agora não possso conversar contigo...
    Vou ficar todo o dia a pensar em ti ... Deixa lá... logo que possa vou voltar...
    Dá um beijinho meu ao Pe. Rui se o encontrares... e eu sei que o vais encontar... Rafas  

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