O Segredo do Benjamim


Benjamim 4

4

E, de repente, num canto quase tão escondido como o meu, vi o meu tio Pedro. Como era possível ele estar ali escondido? Eu só tinha onze anos, mas o meu tio era forte e corajoso! Admirava-o pelo seu entusiasmo… porque estaria ele a esconder-se? Era impossível o meu tio ter medo! Além disso, ele amava Jesus com todo o seu coração. Porque não gritava, ao menos, como faziam os fariseus entre o povo? Talvez conseguisse criar o efeito contrário.

E até havia por lá outros discípulos de Jesus, como o meu tio, mas todos separados, escondidos e mudos de um "não sei quê" que eu não queria acreditar que fosse medo. Porque é que eles não se juntavam todos e tentavam recordar aos que ali estavam o que tinham cantado e proclamado no dia anterior?

Já não conseguia entender nada de nada! Só sabia que se os adultos pensassem como as crianças, tudo seria mais simples.

Entretanto, a conversa entre Pilatos e os chefes do povo continuava, sem ninguém se preocupar sequer em ouvir o que Jesus teria a dizer, e eu desci da coluna onde estava para ir ter com o meu tio. Alguma coisa tínhamos que fazer. Com ele ao meu lado eu não tinha medo de ir lá acima e libertar Jesus!

Pus-me de novo a furar entre a multidão e senti-lhe o peso como nunca. Todos se apertam, sufocam, empurram, mas estão de costas voltadas uns para os outros. Ninguém se olha nos olhos, ninguém dialoga, ninguém opta… Todos seguem e são empurrados sem sequer perguntar porquê, para quê e por quem…


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